quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Poesia 24


 Homem que some

Quando você some
sua ausência me consome.

Me culpo pelas últimas palavras
creio que apenas sonhavas.

O amor platônico
virou meu tônico.

Que em amargos momentos
reviro-me em tormentos.

Reflito e refaço seus passos
chego a sentir o calor dos teus abraços.

Quando você some
sou mais homem.

Conto 02- Mário autografando livros

A vítima

Certo dia como de costume lá pela tardinha
de fronte ao cine São Luiz na praça do Ferreira
levei os livros para Mário autografar.
Deu uma pausa no cigarro que sugava e sentado
inclinou-se para ouvir melhor e logo pegou sua caneta
no bolço do paletó branco. De pernas cruzadas e olhar
distante disse: -Seu nome? Voltou a contra capa do livro
meio que pensando no que escrever, olhou-me e viu que eu
estava acompanhado de uma bela mulher, sorriu com expressão
do rosto apenas, de forma irônica. E lá escreveu: Para o amigo João
Neto e a vítima. Confesso que na hora nem reparei, apenas confirmei
se estava escrito, depois de lido o livro e alguns anos depois, decifrei e pus
a rir com saudades do poeta que sempre despertou meu interesse pela sua inquietude e escritos crus e mundanos.

Conto 01- Mário não é louco

Vagando pela lua

O homem foi ao espaço e nunca mais voltou.
O homem pisou na lua e lá mesmo ficou.
Logo,Mário Gomes não é louco,
apenas está no espaço visitando a lua.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Poesia 23

Conselho de amigo

Caro amigo! Deverias ser mais barato
menos rato e mais gato.

Bata mais ou invés de só apanhar
ria um pouco antes de se por a chorar.

O valor muitas vezes não é tão oneroso
pode ser simples e menos pomposo.

Ame o feio e deleite o bonito
nem tudo tem que ser perfeito.

Procurar e não encontrar 
não diz que estamos perdido
pelo contrário pode ser divertido.

Caro amigo! Seja mais simplório
e verás um mundo não tão inglório.

Poesia 22

Morreu algo

Morreu ontem quem lhe atrapalhava
não foi ao enterro pois lá não estava.

Comemorou na mesa de um bar
rindo aos goles daquele azar.

Sorte de quem não anda na contramão
vai pela calçada e usa corrimão.

Bebeu demais naquele dia
deste jeito nem ao seu enterro iria.


Poesia 21

Nau Frágil

Filho do trovão que sucede o relâmpago
e antecede a tempestade.

Albatroz que voa sem respeitar limites e 
enfrenta o mar algoz.

Grande navegante que rompe a barreira
dos confins dos sete mares.

Não és Aquiles e não tão perto chega a ser Páris, 
bravo e vil colosso, ostenta teu machado na mão direita.

Os inimigos aos seus pés deita enquanto o som do réquiem
rompe os estampidos dos canhões na proa.

Batalha de dois deuses onde quem morre é servo
mas na memória deste me conservo.

Oração pagã para almas atormentadas e ao mundo
imaginário acorrentadas.

Fibra livre que quebra-se e presa preserva-se e nos 
estilhaços da madeira de lei ganhei olho de ciclope.

Força arrematadora de mil almas atormentadas que 
frente a esta força não passa de bloco de areia sendo molhada.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Poesia 20

 Gabriela do sul

Minha Gabriela não igual aquela
maltrapilha e  mendiga que se torna bela.

Duas belezas ímpares e cativantes
dignas das poesias de Cervantes.

Vive também na simplicidade, diferente das paisagens
escaldantes e de tão sofridas imagens.

Minha Gabriela tem sobrenome Alemão
cabelos lisos, loiros e verdes olhos limão.

No seu costume esta presente o churrasco
e o chimarrão ao som de um vanerão.

E não há Jorge que não tenha amado
ou Érico que não tenha sonhado
com cravo, canela e a gaucha Rafaela.

Poesia 19

Sete Mundos

Corri o mundo inteiro
sai do rumo certeiro
e evitei seu dinheiro.

Não quis sombra, nem abrigo
só olhava pro seu umbigo e
negava-se a um mundo colorido.

Correu um mundo, dois mundos
dormiu ao relento no chão imundo
e acordou como um moribundo.

Correu três mundos, quatro mundos
foi ouvido por pessoas mudas
transeuntes que migram, que se mudam.

Correu cinco, seis mundos
ceou com Judas e Raimundos
no quintal dos submundos.

Correu sete mundos em um mundo só
em sete mundos sua vida teceu um nó
e todos viram seu corpo virar pó.

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Poesia 18

 Doce cansaço
Descobri que me canso de tudo
canso de falar e de ficar mudo.
Me canso logo  e  facilmente de amar
de ser doce, amável, cortês e de odiar.
Sou contra qualquer coisa
 só para não me contrariar.
Sou contra a bondade e a maldade
contrario o contrário de felicidade.
Riu para não chorar e choro de alegria
para ter que suportar a dor deste dia.


Poesia 17

O tempo e a bengala

Em um ataque de intelectualidade
redescobriu que possuía mais idade.

Elementos que dissociaram-se
na puberdade, mero destino
 ou capricho da velocidade.

Células enrugadas, secas pelo
o sol e o vento,cavas emburacadas.

No escopo, os restos estriados de um ser coxo
e mal amado que cai sobre seu torso.

terça-feira, 31 de julho de 2012

Poesia 16


DESPEDIDA DO VELHO MENINO

Que bom ter vivido, mesmo
 que num mundo oprimido.

Nesta vida não matei ninguém,
lamento apenas pelos calangos,
 bem-te-vis, rolinhas e vem-vens.
Hora por necessidade, noutras pura
 curiosidade do começo de idade.
Vivi intensamente, coisas que esta
geração jamais terá em mente.
Meus aliados,  natureza,
 riqueza e  pobreza.
Ambas trazendo-me 
contrastes de feiura e beleza.


quarta-feira, 13 de junho de 2012

Poesia 15

 15 Amor simples

As vezes imagino você e eu
como fossemos pétalas numa rosa.


Caio primeiro e você por último e

durante a eternidade momentânea
fico imaginando quando estaremos
juntos novamente.


Meu conforto, é que me tornarei pó
e tudo que está em mim se unirá a você.


Repetiremos o ciclo da vida
sem chorar a triste partida.


E no desabrochar de um novo dia
nossos perfumes nos acordarão
renascendo comigo o amor que tenho no coração.
E mais uma vez irei ao chão
feliz por ter sempre e somente esta opção.

Poesia 14

 14 Chorando de rir

Dei de cara no chão
e ri muito, ri um montão.


Olhei para um lado
olhei para outro
E de mim fiz pouco.


Riso incontrolado,daqueles

que deixa qualquer timidez de lado.

Os olhos cheios d'água e
os braços e as pernas ralados pela calçada.


Quanto mais da cena lembrava
mais o riso desenfreava.


Hô coisa boa ruim
é chorar e rir assim.

Poesia 13

 13 Noel sem pança

Para ele não há data
põe todos os dias
uma bata.

Vermelha, branca ou verde
tanto faz, todas as cores
têm vez.

Renas e trenó... Pra quê?
Trocados! Cadê você?
Cabelo e barba branca e
carros pelos semáforos
avançam.

Talvez não fosse o noel
daquela criança, um
noel sem pança.

Poesia 12

 12 Pintando a vida
De frente a tela
na mão um pincel
na cabeça ela.

Primeiro traço e nada
mais uma vez
e nada se fez.

A imagem pronta no pensamento
o coração apreensivo
mas, repleto de lamentos.

A mente já terminou a obra
os sentimentos atropelam a mão
e o todo são só sobras.

De clássica nada mais revela
pois, o que se emprega na tela
nem de longe é uma aquarela.

Foram-se as tintas
no pincel apenas lágrimas
e cores indistintas.

Poesia 11

 11 Palhaço

Um pouco de tinta no rosto
e o que era belo fica tosco.


As tristezas somem aos poucos
o que era sã fica louco.


Caretas e risos roupa colorida
e por baixo uma cara sofrida.


Piadas sem graça e mesmo assim
todos riem de mim e eu da desgraça.


Em meio as pessoas passo, ando pelo
espaço e só sei que nada faço, mas
morro de vontade de ganhar abraço.


Crianças, jovens e velhos a todos alegro
só não a eles minha vida entrego.

Poesia 10

 10 Esfera perfeita

O vento sopra e as folhas caem
a seiva entra e novas folhas saem.

A luz faz sua parte e na natureza
tudo vai virando arte.

Não importa a estação,
primavera, outono, inverno ou verão
todas despertam sentimentos no coração.

Dia e noite são um toque a parte com
suas cores dão um belo contraste.

O sol, a lua e as estrelas
os astros da realeza que nos
trazem muito mais beleza.

Água, nuvens e terra completam a quimera
fazendo deste mundo uma perfeita esfera.

Poesia 9

 9 Memórias de menino

Brinquedos, pipocas e amendoins
todos deviam ter um dia assim.


Bombons, parquinhos e balões
são partes das minhas emoções.


Bolo, refrigerante e brigadeiros
devia ser  deste jeito o tempo inteiro.


Correr, brincar e cair
isso é se divertir.


Brigar, xingar e chorar tem que
acontecer para aprender a perdoar.

Poesia 8

 8 Abismo

Fico a observar as pessoas a passar,
imaginando a hora de os encontrar.

Não me importa o momento
 e sim a vítima em tormentos
e lamentos.

Não interessa-me, se é pesado ou leve.
Quanto mais rápido mais breve.

Minha solidão quer companhia
e fico a te espreitar noite e dia,
esperando o auge da tua agonia.

Pode parecer maldição, mas são
apenas confissões de um abismo
repleto de solidão.

Cordel 7

7 DisGoverno de Jumentos

Numa cidade do sertão,
cercada de municípios de montão,
o disgovernador, um tal de ApariCidão
disse pra sua secretária da educação
reZolva na Cela:

-Escuta aqui! Chama o Zé 
que quero que dê um jeito nesses seus mané.

-Que Zé?
-O Zé da insegurança e sua pança homem,
 já te disse que com educação não se chega a lugar nenhum.

-Já estou indo Cidão!

E lá chegando foi logo dizendo:

-Corre homem que Dão quer uma solução
pra quele monte professor parado 
com cartazes na mão.

-Vou agora com minha comissão (R$)!

E no palácio do desgoverno:

-Cidão antes que você me fale já tenho a solução...

-Muito bom, é por isso que lhe pago melhor que eles...Explique.

-Vou criar um pelotão especiá 
pra mode os professoreco eles espancar,
chamarei de Jumentaria...

-Quer dizer cavalaria... Não!

Não! É Jumentaria mesmo... De Jumentos...
Sabe como é temos que cortar gastos no orçamento 
e jumento nois arranja de cinco real a parea.
Botamos um dois macaco (volante) em cima de cada um,damos uns pedaço de pau e mandamos descer o cacete neles, é barato e eficiente. Que achas?

-Uma maravilha!! Por isso que importei você e quando começa?

-Agora mesmo! é só assinar essa foia em branco aqui artorizando o projeto e dou uma telegrafada pro curral e já despacho a força especiá.

-Que eficiência Zé!!!
-É Cidão de jumento entendo eu.

Poesia 6

 6 Bicho-da-seda

Bicho não dá a seda
bicho faz, bicho cria.

Do Bicho! Toma-se a seda.
Bicho não ceda!
porque, se a seda
você ceder, alguém fica acesa.

Bicho...
Bicho acende a seda.

Quem é o bicho?
Quem é a seda?
Será o bicho-da-seda?

Poesia 5

5 Dinheiro

Corri de mão em mão
não me dei ao luxo da paixão.

Dos cofres as gavetas, acabei indo
parar na sarjeta.

Na mão de um sortudo em noite fria
aqueci seu fígado vários dias.

E agora com esse homem, cujas as contas
o consome, limpo o seu nome.

Sujo ou amassado, lícito ou roubado
todos me querem do seu lado.

Sonho com minha substituição e
voltar as origens da minha criação e
sumir das mãos da minha nação.

Um outro virá para o ciclo da missão
e passará mais uma vez, de mão em mão.

Poesia 4

 4 Nasci pra te servir

Sobre o meu corpo riscos e cicatrizes
atrito de garfo e faca e risos felizes.

Diante de minha boca, a tua devora o alimento
e tua satisfação alivia meu sofrimento.

Queria ter papilas gustativas
e saborear o néctar que te avivas.

Entre uma e outra refeição
cresce minha afeição por
alguém que fatia um coração.

Poesia 3

3 Chuva repentina

Lentamente o céu muda
o azul fica cinza e as
gotas caem.

A telha transforma silêncio em música
e o ritmo aumenta de forma lúdica.

Aromas e sensações brotam, 
os pássaros alegram-se e homem
fica mais pensativo.

Tão rápido surgiu, mais rápido partiu
mas mudou os poucos que atingiu.

Poesia 2

2 Barulho

Tento escutar e escuto
não os mansos, os brutos.

O pássaro tenta, eu tento
os carros conseguem, eu desisto
o pássaro resiste.

O vento continua a soprar
e o barulho a barulhar, eu
e o pássaro a tentar.

Poesia 1

1 O cio da gata


Rolo no chão de um lado para o outro,
a frieza ou o calor do chão é pouco. 

Grunhidos e miados roucos,
chamo tua atenção como os loucos.

Expressão corporal e um cheiro no ar
que só você pode identificar.

Pode durar horas,pode durar minutos ou dias
até que volte as calmarias.